quarta-feira, 24 de abril de 2013




e quando eu fico feliz demais, sim, eu tenho dentes, eu gosto de olhar para a fotografia, ver seus olhos puxados, até inchados, os cabelos na bagunça amanhecida, mãos saudando a câmera, festa tribal no pano da parede, boy, como se, assim, então, eu pudesse te contar da alegria, essa das coisas que nunca morrem.



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

a alegria





gosto de olhar essa imagem. ela me faz sorrir. gosto de ver a alegria comemorativa expressa em cada rosto, as mãos ao alto, os saltos festivos, pés transportados do chão ao ar atirando os corpos no presente do depois. eu olho essa fotografia porque ela me faz sorrir, me dá alegria. ver seus pés em passo a ser dado me dá alegria. sua alegria me dá alegria, sua boca dizendo alguma coisa que eu não sei, seus olhos sorrindo (seus olhos sorriam sempre) pra qualquer lugar me dão alegria. eu não sei quando foi; provavelmente no começo da década de noventa; eu não estava lá e não sei onde eu estava. mas me lembro bem do tempo, do par de tênis, dos cabelos recém cortados e desse relógio de pulso; eu o via todos os dias, o relógio de pulso. todos os dias de manhã tarde memória. me pergunto, então, que horas seriam, são (fotografia é tempo congelado), neste contador de horas do passado. onde repousam seus ponteiros nesse passo? que horas são de todo o tempo toda essa alegria? aqui, onde moro, o patético do coração, os ponteiros marcam as horas de todo o tempo; de onde ele começa até onde ele nunca termina; do que foi, do que é e do que vai ser. assim tudo junto, do mesmo jeito que a vida é.




domingo, 25 de novembro de 2012

dezesseis de dezembro de mil novecentos e setenta e cinco



foram vinte e um anos de coração disparado. eu tinha catorze quando começou.

escadas do colégio, corredores atrasados, a esquina entres as duas salas do colegial (eu vivia lá esperando por ele, por que o professor não solta logo a classe?), o parque, o parque na sexta, no sábado, no domingo, a discoteca na noite antes da segunda-feira, com aquelas músicas horríveis que a gente dançava e fingia que gostava só por não ter lugar melhor pra ir. e, no dia seguinte e no seguinte ao seguinte, as escadas, os corredores, as esquinas...e mais tarde, bem mais tarde, quase ontem ainda, as ruas da cidade, qualquer rua, qualquer lugar, em quando que fosse, qualquer tempo, depois de qualquer um, importante que fosse esse um ou o outro, era sempre tempo de sentir o coração trepando na garganta, querendo sair pela boca, eu vi daniel. 

quem não o conheceu em pessoa, o conheceu pela minha boca. a quem não falei de daniel toy? a todos falei de daniel, até ao gato falei de daniel. o papel, maior ouvinte dos anos, cobriu-se dele, crivou-se, constelou-se de daniel, daniel toy toy toy.

na madrugada do dia 22 de novembro daniel foi embora. desavisada e estupidamente ele se foi. daniel não vai mais voltar. deitou-se para dormir, acordou com náuseas, vomitou, aspirou seu final, disse à mãe que ia morrer. e morreu. deixou uma buraco na vida dos outros.

quando fui vê-lo pelo última vez, pensar o nunca mais, aquela tarde repulsivamente quente, o gosto salgado na boca, irascivelmente desejei sacudi-lo com força, dizer-lhe 'ei, acorda, ainda não acabou, não', dar-lhe uma pancada no peito, socar seu coração para que ele voltasse, quem sabe uma faísca, uma pequena fagulha e tudo volta, recomeça?, mas ele parecia tão em paz, quase sorrindo naquela camisa branca, terçinho nas mãos, danny boy; os olhos meio puxados (daniel tinha olhos de inca, eu dizia), serenos, pareciam apenas dormir seu descanso já marcado. e tão bonito, sempre tão bonito, o mais de todos. talvez fosse mesmo a hora de daniel dormir. 

o que eu sei é que foram vinte e um anos de coração disparado. e que há três dias, o dele parou de bater. um buraco na vida da gente, danny boy.




segunda-feira, 19 de novembro de 2012


o gato vai morrer. e eu sei disso. eu sei como sei resolver uma complicada equação matemática digna de quem gabarita numa prova de vestibular concorrido. mas não sei disso com o meu coração. estamos em 19 de novembro de 2012 e, em certos dias, nada ainda aconteceu. eu tenho quatro anos e estou sentada com a minha avó na sala de sua casa pedindo pra que ela procure piolhos em minha cabeça só pra ganhar cafuné ou, então, vinte e cinco anos depois disso, ouvindo-a dizer que eu era sua neta mais bonita e inteligente, frisando depois: 'a única que ficou aqui' (por isso a mais inteligente; a beleza ficava por conta dela). nem no tempo de um piscar de olhos (os olhos não piscam mais) vou de um ao outro extremo do mapa, volto, avanço, num passo dez anos se vão, mais um e eu nem sei. prefiro, então, permanecer sem paixão. apenas mais uma estátua de mármore corroída pela acidez das chuvas intemporais.
ela morreu. o gato vai morrer. e eu não sei disso com o meu coração.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ana rusche



blue rose




terça-feira, 16 de outubro de 2012

ane



o corpo estendido pelo sofá, uma das mãos encostando no chão. um gorgeio. ela vira a cabeça e pensa. passaria todas as horas a olhar aquela criança, suas mãozinhas gordas, os dedos tão pequenos, as unhazinhas minúsculas; dobrinhas no pescoço e punhos, bochechas cor-de-rosa, todo o desenho do seu rosto e pés e pés, os pés; o contar daqueles olhos enormes, cílios, tantos cílios!, como tantos cílios assim?, como tanta coisa terna assim? 
tanta coisa terna e triste assim.
não passa.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

édouard boubat, 1968






do presente





"saber a cor da tua roupa e o cheiro dos teus sonhos, talvez a forma que faz tua sombra numa cama, e o cheiro dos teus sonhos, talvez a cor dos teus cabelos nos meus ombros ou só os teus sonhos"


p.m.v




de assis






saudade daquele augusto frederico schimdt de capa azul que ainda mora no sertão. porque eu não moro mais no sertão.






sexta-feira, 31 de agosto de 2012



                           Jaime Gil de Biedma






quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Nicolás Guillén


Um poema de amor



Não sei. Ignoro-o.
Desconheço todo o tempo que andei
sem encontrá-la novamente.
Quem sabe um século? Talvez.
Talvez um pouco menos: noventa e nove anos.
Ou um mês. Poderia ser. De qualquer forma
um tempo enorme, enorme, enorme.
Ao fim como uma rosa súbita,
repentina campânula tremendo,
a notícia.
Saber de pronto
que ia voltar a vê-la, que a teria
perto, tangível, real, como nos sonhos.
Que troar surdo
Rodando-me nas veias,
estalando lá em cima
sob meu sangue, em uma
noturna tempestade!
E o achado, em seguida? E a maneira
como ninguém compreenderia
que essa é nossa própria maneira?
Um roçar apenas, um contato elétrico,
um apertão conspiratório, uma olhada,
um palpitar do coração
gritando, ululando com silenciosa voz.
Depois
(já o sabeis desde os quinze anos)
esse ruflar das palavras presas,
palavras de olhos baixos,
penitenciais,
entre testemunhas inimigas,
ainda
um amor de “o amo”
de “você”, de “bem gostaria,
mas é impossível…” De “não podemos,
não, você deve pensar melhor…”
É um amor assim,
é um amor de abismo na primavera,
cortês, cordial, feliz, fatal.
A despedida, logo,
genérica,
no turbilhão dos amigos.
Vê-la partir e amá-la como nunca;
e já sem olhos seguir a vê-la ao longe,
lá longe, e ainda segui-la
ainda mais longe,
feita de noite,
de mordida, beijo, insônia,
veneno, êxtase, convulsão,
suspiro, sangue, morte…
Feita
dessa substância conhecida
com que amassamos uma estrela.


tradução de pedro gonzaga

ba da ba da da da da da da e a macacada



                             


Infelizmente, não fiz uma cópia deste filme quando ele vivia numa das prateleiras da única locadora decente da minha cidade. como a maioria dos filmes que compunha seu acervo era de clássicos e de filmes fora do esquema hollywood, ela fechou. mantém-se as blockbusters. dá tristeza ver um lugar tão especial, onde morava tanta história, desaparecer porque as pessoas preferem ver a nova aventura do homem-aranha ou mais uma parte da saga dos vampiros contra os lobisomens, os quais, facilmente, serão esquecidos com os lançamentos do próximo mês.

no lugar onde ficava a locadora, abriram um barzinho onde vendem-se cervejas e biritas para as tardes do fim de semana. é do que o povo gosto. não digo que uma cerveja e uma birita não seja bom e, em não raras vezes, muito importante ( até necessário) e que dar uma alienada com um filminho sessão-da-tarde também. mas o povo se aliena demais. aliás, parece que é só isso que o povo faz. 

hoje, enquanto tomava meu café, comecei a ler uma crônica do jabor no jornal e logo, parei. além de me cansar um pouco da sua voz, achei meio demasiado dizer que, em outubro, a macacada ia às urnas; achei forte demais pra primeira refeição do dia. no encontro com herr surgiu esse filme e eu voltei pra casa pensando em procurá-lo em alguma loja para comprá-lo. me lembrei da dificuldade em encontrar alguns álbuns do tom por aqui e de como foi fácil achar vários deles em algumas lojas francesas, onde eles não só estão disponíveis, como, também, existem em estoque. já, se eu gostasse de michel teló...

o termo macacada, depois de pensar e, principalmente, de lembrar (como a gente esquece, deus) ainda me parece agressivo, sim, mas, também, apropriadíssimo à leva dos alienados em questão.

mas vou cantar, ba da ba da, porque logo mais quem enfrenta a selva sou eu.



um homme et une femme
(paroles: pierre barouh// musique: frances lai)


Comme nos voix ba da ba da da da da da da
Chantent tout bas ba da ba da da da da da da
Nos cœurs y voient ba da ba da da da da da da
Comme une chance comme un espoir
Comme nos voix ba da ba da da da da da da
Nos cœurs y croient ba da ba da da da da da da
Encore une fois ba da ba da da da da da da
Tout recommence, la vie repart
Combien de joies

Bien des drames
Et voilà !
C'est une longue histoire
Un homme
Une femme
Ont forgé la trame du hasard.
Comme nos voix

Nos cœurs y voient
Encore une fois
Comme une chance
Comme un espoir.
Comme nos voix

Nos cœurs en joie
On fait le choix
D'une romance
Qui passait là.
Chance qui passait là

Chance pour toi et moi ba da ba da da da da da da
Toi et moi ba da ba da da da da da da
Toi et Toi et moi. 



sexta-feira, 24 de agosto de 2012




escrever não é tarefa para as horas de sol. desisto.





quinta-feira, 16 de agosto de 2012

dele



ele é a minha paz. essa cara redonda, os cabelos pretos, a pele braaanca e as bochechas rosadas como duas bolas de fogo. olhos puxadinhos que ninguém sabe de onde vieram. as dobrinhas na nuca, as mãozinhas gordas, os pés. e daí que tem dentinhos tortos?  e daí? ninguém liga pra isso aqui, não. ele enche os colos por onde passeia, os colos dos homens, das mulhres, das crianças, todos querem inundar-se dele. as mulheres dizem 'como ele é bonzinho... ' (hoje mesmo enquanto eu me arrumava ouvi uma delas) e suspiram... (eu também suspiro...) e se derretem todas enquanto tecem suas previsões de um futuro que ninguém sabe. eu só sei que ele leva embora todas as dores, as cólicas, as costas cansadas, os ombros cansados. a contabilidade da vida geral, a profundidade do meu vinco entre as sobrancelhas, a tristeza daquelas flores no vestido de madeira. ela sempre se alegrava quando o via, soltava sua estridente risada característica, um hu-hu-hu-hu-hu esquisitíssimo, depois, dizia 'oooolha!' e abria os braços para recebê-lo, enquanto, sempre, sempre, perguntava 'quem é esse menino gordo?' esse menino gordo é a paz, querida. é a paz esse menino gordo.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

das ideias ou das obsessões (são dois lados)



tem essa hora em que as ideias pairam
vagarosamente sobrevoam o corpo em silêncio
num carrossel em câmera lentíssima

sobrepõem-se umas às outras
usando umas as caras das outras
as roupas das outras, os cabelos, os pés,
as bocas das outras
e indolentes dançam, sem pressa qualquer

pavoneiam-se  
em exibicionístico bailado 
acima de nós
do nosso alcanço,
do nosso tamanho, dos  nossos dedos inflexíveis,
nossos corpos inflexíveis

querem, apenas, que saibamos que elas existem
nos provar que estão ali
querem, apenas, zombar de nós. 

elas zombam de nós.

e nesse tempo de silêncio,
de incessante mudez do corpo
(arraigado ao chão do que já foi)
apenas a fumaça do cigarro, 
espiralando-se no ar, 
ascende ao céu,
pode ascender ao céu.



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

do céu, do inferno e do diabo, que espreita por uma frincha e tem ouvido fino que nem violino



falando de céu, falando de inferno, me lembrei daquele livro que eu comprei no rio e que não consegui - ainda- terminar de ler: 'o matrimônio do céu e do inferno', de william blake (foi no mesmo dia em que comprei 'o amor é um cão dos diabos', de meu querido buk e 'ariel', de sylvia plath - que trinca, deus...) e, também do verso de um poema do drummond, verso este que não me saía da cabeça durante hoje: 'tirante laura e talvez beatriz,/ o resto vai para o inferno' ( e vai mesmo).

li este poema no domingo. ele faz parte do primeiro livro do drummond, o qual eu resolvi revisitar naquele dia e que ficou impresso em mim desde então e, também, o estava há muito tempo, já que outro verso dele me tem vindo à mente, vez por outra, nas últimas semanas. eu não decoro poesia (nem as minhas eu sei) e só hoje descobri que esses dois versos pertencem ao mesmo poema, cujo título é 'o casamento do céu e do inferno'. falando de céu, falando de inferno...




No azul do céu de metileno
a lua irônica
diurética
é uma gravura de sala de jantar.

Anjos da guarda em expedição noturna
velam sonos púberes
espantando mosquitos
de cortinados e grinaldas.

Pela escada em espiral
diz-que tem virgens tresmalhadas,
incorporadas à via-láctea,
vaga-lumeando...

Por uma frincha
O diabo espreita com o olho torto.

Diabo tem uma luneta
Que varre léguas de sete léguas
E tem ouvido fino
Que nem violino.

São Pedro dorme
E o relógio do céu ronca mecânico.

Diabo espreita por uma frincha.
Lá embaixo
Suspiram bocas machucadas.
Suspiram rezas? Suspiram manso,
de amor.

E os corpos enrolados
ficam mais enrolados ainda
e a carne penetra na carne.

Que a vontade de Deus se cumpra!
Tirante Laura e talvez Beatriz,
o resto vai para o inferno.








quinta-feira, 9 de agosto de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

da botânica e de agosto







botânica não é uma coisa linda? pois acho botânica uma coisa linda. cresci vendo minha mãe guardando sementes, e também animaizinhos, em potes de vidro, e depois me contando sobre eles (aliás, ontem mesmo, encontrei um inseto incrivelmente diferente e o meti num pote de vidro - a gente pega os hábitos...). qualquer dúvida era (e é):’mãe?...’, e ela respondia (e reponde tudo). o que não era (e não é) diferente com meu pai. ambos são biólogos. eu, apesar de ter resolvido ficar nas humanidades (na, verdade, foi minha segunda opção - quando nossa primeira opção não acontece, acabamos ficando com o que se tem mesmo - é a vida, infelizmente) muito me atraio pelas biologias.

quando criança sempre folheava os inúmeros livros de botânica que temos em casa e me encantava muito com tudo aquilo. no dia de hoje, especialmente, queria passar a tarde a folhear esses livros de plantas, ver as imagens, as estruturas, pensar em seu funcionamento (botânica é poesia). mas existe o pó. a poeira velha que se deitou sobre todos esses livros que temos e à qual sou extremamente alérgica. e, além disso, hoje é agosto. e agosto é, para mim, um mês bastante difícil. eu não respiro em agosto. não temos chuvas por aqui neste mês e, para piorar as situações, temos cinzas que caem dos céus. temos chuvas de cinzas. é a queima de cana, que é proibida mas ainda acontece. coisas de dinheiros, sabemos disso. e então, assim, nós, os alérgicos residentes nesta divisa de são paulo com minas gerais, ficamos sem respirar até que chegue a primavera.

mas, se não posso pular agosto no calendário – já que agosto é inevitável (agosto infinito), posso, pelo menos, fazer uma nova coleção de botânica. e a farei sim.









quinta-feira, 2 de agosto de 2012

'nem quero você enfeite do meu ser'








eu não sou fã do caetano, não (aliás, acho não sou fã de ninguém) mas resolvi comprar um cd na banca de uma coleção lançada em comemoração aos seus 70 anos e justamente com o número que eu comprei veio a caixa para todos os cds serem guardados. não consegui imaginar aquela caixa vazia e decidi, então, fazer a coleção.tenho tido ótimas surpresas. uma delas foi essa canção que eu costumava ouvir em assis na voz da marina lima, ainda em fita cassete, lá da minha janela na avenida dom antônio, ali do lado da padaria doçura. outra foi a faixa 'kalu', do humberto teixeira, música linda que dá vontade de cantarolar o dia todo. no mesmo álbum, 'dom de iludir' responde a 'pra que mentir' de noel e vadico, criando um inspirador diálogo intertextual de nossas letras. tenho me encantado.



'kalu, kalu
tira o verde desses óio de riba d'eu
kalu, kalu
não se esqueça que você já me esqueceu
kalu, kalu
esse olhar depois do que assucedeu
com certeza só não tendo coração
fazer tal judiação
você tá mangando d'eu
kalu, kalu...'






tenho me encantado muito.






segunda-feira, 30 de julho de 2012

da escrita ou da compreensão



sinto as coisas num suspenso, como que flutuantes. partículas de qualquer sólido se movendo em meio a um líquido, também qualquer. eu fico olhando toda essa dança dos pequeníssimos pedaços de uma coisa que eu não sei bem o que é e nada mais. é só um contemplar enquanto espero o desenho que elas farão no chão, ou seja qual for a superfície que tenho como base, ao terminarem suas cálidas coreografias atemporais.

às vezes, uma gigantesca vontade de bater as mãos na água para ver se, assim, elas pousariam mais depressa. desejo de apressar o tempo, matar o tempo até. 

na maioria, uma submersão calma; quase agradável.

pouco mais ou menos não sinto medo de nada.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

da vida



no sábado eu tinha programado assistir 'sabrina', romance de billy wilder de 1954. já havia visto o filme, não tinha me encantado (encantar-se é importante), mas havia resolvido me acompanhar de certa suavidade naquele dia. também tinha visto na grade de programação do mesmo canal um filme de 2005 cuja sinopse parecia me interessar (apesar da minha busca do suave), chamado 'contra a parede', e que seria apresentado imediatamente antes da doce (até extremamente doce) e romântica 'sabrina'. reservei os dois, programando, então, ficar umas quatro horas seguidas apenas como expectadora.

acabei me distraindo (coisa corriqueira) e perdi o começo do primeiro filme, o que, para mim, é o suficiente para não entrar na sala do cinema ou, no caso, não passar na frente da tv. não assisto filme começado. não gosto de metades.

flexibilidade desenvolvida pelas adversidades ou curiosidade simples e só, resolvi dar uma espiada em 'contra a parede' para, talvez, caso surgisse um interesse, assisti-lo em sua próxima exibição.

primeira observação: impossível dar, apenas, uma espiada em 'contra a parede'. segunda: ninguém sai do cinema ou desliga a tv, no meu caso, imune a ele. mesmo porque não se desliga a tv quando o filme acaba. os créditos vão passando, a música toca e não se levanta do sofá. não há como ser, apenas, um expectador. é uma experiência de imersão.

é daqueles filmes que continuam quando a sessão termina. no meu caso, continua (não na lembrança, mas no corpo) até agora (inclusive, escrevo para tentar expurgá-lo de mim). mais de 48 horas depois do término a sensação (não o sentimento) é de que acabei de assistir ao desfecho da história. um desfecho que me fez hesitar, mais do que qualquer outro, sobre qual seria, não o melhor caminho a se seguir (não existe melhor caminho em 'contra a parede'), mas o caminho certo. a dor é inevitável, não se pode fugir dela. 

não foi raro, durante o filme, eu me perceber acuada contra o sofá, comprimida entre as almofadas, com os ombros levantados. a cara toda franzida dialogava, a cada nova cena, com o drama. o desejo físico de mais um cigarro perdeu a voz. nada me chamava mais do que a história daqueles dois personagens tão entregues a qualquer fagulha de vida, fosse ela como fosse.

não existiu suavidade, não houve nenhuma doçura. foi um pedaço de vida crua. como ela, quase sempre, é. me encantei.

nem preciso dizer que 'sabrina' ficou para a próxima.






sexta-feira, 20 de julho de 2012

da memória



ela estava pintando as unhas e começamos a falar sobre cores de esmaltes que se apagam em alguns tipos de pele. logo, começamos a falar sobre pele. e sobre a brancura do inverno impressa nos corpos nessa época do ano. eu não falo mal do inverno. nunca falei, nunca vou falar. mas concordei com ela que no tempo do sol as pessoas ficam mesmo com um ar mais saudável. uma cara de saúde.

perguntei se ela tomava sol. ela me disse que não mais. 'mas já tomei muito na vida. fritava mesmo.' eu também."e faz um mal, né?". porra!... com o tempo é que a gente se dá conta. surgem essas pintas suspeitas e essas manchas esquisitas... "e não adianta nada se esconder agora, né? essas manchas parece que surgem do nada!" parece sim. mas tem a memória da pele, né? "é".

e não tem jeito, pensei, enquanto ela, minuciosamente, limpava as cantinhos das cutículas, se esforçando contra todas as leis para apagar qualquer pigmento de tinta que tentasse, quisesse, ousasse permanecer colado na pele.

o que acontece é que não tem jeito, não. não, não tem.

algumas coisas ficam guardadas, se armazenam. até se amontoam no tempo. e, num dia, até num daqueles bem azuis, inesperadamente, como que de repente (como se inesperadamente fosse mesmo de repente - a vida existe, muito, no inacessível a nossos pequenos olhos de vidro),  num ponto insuspeito elas emergem, ainda vivas (porque nunca mortas, apenas, silentes) tingindo toda a nossa superfície retocada de cartão postal.

tem a memória. sempre tem a memória. mesmo querendo fingir que não, saindo correndo pro não, pintando na cara esse não, tem a memória. sempre tem a memória.

brilho eterno sem lembranças, nem no cinema.





quarta-feira, 18 de julho de 2012




minha avó está melhor. eu estou melhor. dos quatro queridos, falei com dois e recebi o convite do casório do outro. a sombrinha de bolinha esvaneceu. avancei mil passos na monografia. fiz uma carranca sorrir. 
meu pé de manacá é lindo.





domingo, 1 de julho de 2012

grata surpresa











30 DE JUNIO DE 2012 : EL MINUTO MÁS LARGO DEL AÑO!


30 DE JUNIO DE 2012 : EL MINUTO MÁS LARGO DEL AÑO!


El último minuto del mes de junio 2012 contará con 61 segundos. Una manera de permitir al tiempo universal definido por los relojes atómicos de compensar su adelanto sobre el que alinea su ritmo en la rotación de la Tierra, mucho más iregular. En “tiempo universal” el pasar del 30 de junio al 1ro de julio no se hará, como de costumbre a las “23h59 et 59 segundos”, sino las "23h59 et 60 segundos".



(copiado da página do facebook da TV5 MONDE  LATINA)


sexta-feira, 29 de junho de 2012

das gentes



eu tenho preguiça da maioria das pessoas que eu conheço. eu não sei se estou ficando chata ou se sempre fui, mas poucas pessoas nesta vida me dão vontade de conviver. na grande parte do meu tempo eu prefiro coexistir com coisas e com as minhas lembranças. gente cansa.



terça-feira, 19 de junho de 2012



uma coisa que me frustra no teatro é ele ter um fim. ele acabar e eu não pode trazer a peça pra casa, como uma reprise de vale a pena ver de novo. às vezes, e é às vezes mesmo, lembrar, pra mim, não basta.






quarta-feira, 13 de junho de 2012

haram!

quinta-feira, 24 de maio de 2012






vontade de ver coisas simples e claras bonitas e calmas. medo de começar a escrever e não conseguir parar nunca mais.
porque cada poema é um parto.








sexta-feira, 18 de maio de 2012

a marcha do poeta


lorraine christie





sábado, 5 de maio de 2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

NINA PEDRINHO E AMÈLIE


sétimo mês

sexta-feira, 6 de abril de 2012

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descalça
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domingo, 11 de março de 2012



onde é minha casa, senão aqui, onde estão meus sapatos?





sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

'estrada de rei', islândia, 2010

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você me ama?

sim, eu te amo.

você me ama mesmo?

sim, eu te amo mesmo.

quanto você me ama?

eu te amo mais que demais.

(silêncio)

e se mais que demais não for suficiente pra mim?

isso já é problema teu.
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sábado, 3 de dezembro de 2011

preciso do mar

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água
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

2003 hoje






Nesta tarde você arde em mim
Como pedaços de sol.








sexta-feira, 16 de setembro de 2011

2008 hoje

em dias assim, inchume-do-peito, até os barulhos dos sacos plásticos amarrotados pelo vento me fazem doer os ossos dos seios. e eu posso ouvir uma faísca saltando do teu cigarro, da brasa do teu cigarro, desse fumo bêbado que a tua boca suga a espaços-sem-alma de distâncias de mim.

me faz estalar o coração.
e dói tanto que eu não sinto mais.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

depois de 'santos-sao paulo'



não faz mal se doer de novo
porque sempre vai doer
mais uma vez


aqui




quinta-feira, 28 de julho de 2011

bukowski



"déchirés par un tourbillon
on se remet ensemble

vérifie les murs et le plafond à la recherche des fissures
et des éternelles araignées

se demande s'il y aura encore une autre
femme

et maintenant 40 000 mouches courent sur les bras de mon
âme
et chantent
j'ai trouvé un bébé d'un million de dollars
dans une boutique à
5 et 10 sous

les bras de mon âme ?
des mouches ?
qui chantent ?

qu'est-ce que c'est que ces
conneries ?

c'est si facile d'être un poète
et si dur d'être
un homme."





(40 000 mouches)







domingo, 17 de julho de 2011

Memórias do Mar Preto: Uma versão poética de algo que não deu certo





Memórias do Mar Preto: Uma versão poética de algo que não deu certo: "Dessa vez desço a serra para não voltar mais. Enterro os meus pés na areia e me lavo nessa água preta (que os babacas costumam chamar de pet..."



domingo, 26 de junho de 2011




apenas 8 e quarenta da manhã e as vozes externas já ocupam quase todo o espaço sonoro do mundo. silêncio é luxo.




sábado, 5 de fevereiro de 2011

al berto



E ao anoitecer

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

madrugada



nenhuma palavra nem na boca da noite


domingo, 23 de janeiro de 2011

debrum, houaiss 3.1: a margem de uma ferida cicratizante



".... quando, como quem faz a última coisa possível, escrevia aquele poema..."



ferreira gullar



sábado, 25 de dezembro de 2010

london london



são bons estes lugares de cinza, para a solidão insuspeita dos pássaros


al berto

sábado, 27 de novembro de 2010

eu sou um quadrado de medo

o círculo do pânico.


domingo, 19 de setembro de 2010

só por hj


Acreditei que se amasse de novo

esqueceria outros

pelo menos três ou quatro rostos que amei

Num delírio de arquivística

organizei a memória em alfabetos

como quem conta carneiros e amansa

no entanto flanco aberto não esqueço

e amo em ti os outros rostos

Ana Cristina César
(em Contagem regressiva - Inéditos e Dispersos)


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

sábado, 31 de julho de 2010

hopper






quinta-feira, 15 de julho de 2010

Am no bird.


Am no bird., upload feito originalmente por Emma Neely.

o tempo

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domingo, 4 de abril de 2010

sem data


meu cinzeiro está cheio de pontas
dos cigarros
que eu não terminei

espero pela chegada de uma pessoa
que sei
só me virá em sua última hora

o vento forma uma nuvem no céu
preta gorda enorme.
pairada

minha tia arrasta os chinelos para cá
arrasta os chinelos para lá

a criança chora, chuta a porta,
faz uma birra daquelas.
apanha .


eu guardo as meninas
perco a hora
e gasto todo o meu tempo a ganhar dinheiros

riqueza é mesmo coisa para a minha vó.


sexta-feira, 26 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

yoshitomo nara







se eu pudesse voltar no tempo, voltava pra um domingo qualquer



um dia de domingo. um domingo qualquer no sertão. sem festa, sem encontro, coração batedeira, campainha tocando trazendo o grande amor aos pés da porta. eu voltava pra um domingo qualquer. aquele ar parado. aquele ar quente e parado. o que é que eu vou comer no almoço hoje? o que vou fazer o dia todo? um cinema? sorveteria? cervejas pretas no boteco ao lado da padaria doçura?, onde a balconista pegava o queijo com a mão pra vender pra gente. será ele passa de bicicleta na avenida dom antônio? vou ficar na janela até ele passar. mesmo que ele não passe, como não passou ontem também. a nina, menina, sentada no sofá da sala, ocupando o espaço onde alguém queria esticar as pernas. sai daqui, boneca de pano. ela reclamava, xingava as pernas compridas, folgadas e compridas, era tão brava quanto vermelha, a menina nina. uma porta batendo. outra porta batendo mais. era uma das meninas que acabava de acordar. papéis espalhados por cima da mesa, outra delas havia estado ali por toda a manhã quieta. de repente, do quarto saía mais uma. óculos e cabelos em caracol. de onde você tirou esses cabelos em caracol? eu voltava pra esse dia. justo pra ele. sentava numa rede rosa, acendia meu pito e ali ficava. só vendo vocês sendo vocês e nós reclamando do tempo pesado, do ar morno e grosso, do tédio carregado daquele dia perdido. no sertão.



quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

a arte te ajuda a saber quem é vc




ilustração: samantha hahn

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

10:20



Se não existisse essa tecla delete no meu computador eu seria mais triste do que comumente sou. É de alívio poder apagar-se. Mas isso é mentira e também não funciona. Eu apenas gosto de me enganar e fingir que as coisas dóem menos e se rompem quando deixam de ser vistas. A ausência do registro não determina o extravio do que foi sentido. E isso é uma merda, senhor.

sábado, 26 de dezembro de 2009

12:28



"oui, j'ai les yeux fermés a votre lumière"



_une saison en enfer_






segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

o que vc faria com ela?



paula, karinóvski, liginha e moi em
"elsinore em planta baixa", nas satyrianas 09




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

otto stupakoff. vamos??






























no instituto moreira salles,
higienópolis, sp
até 22 de novembro


caio



"E as palavras eram algo sólido, uma certeza onde poderia segurar-se."



em Limite Branco





11:14. eu olho no relógio. eu olho no relógio o tempo todo. ela me chama pra almoçar. tá na hora. e eu me canso. e viro uma coisa de fábrica, produção em grande escala. fecho as janelas e me escondo? não. eu posso, por um acaso, me dar ao luxo de sair dos palcos? não. e canso mais. sempre. vou me cansando a cada nova cara na porta, a cada nota que recebo. que me desfazer delas é quase alívio.

11:18. tinha aquela lista sem final (pra mim é tudo sem final) que escrevi correndo entre uma refeição e outra (odeio refeições. comer. mastigar, engolir, querer que volte). a bundinha dura vai ficar pra depois, pra bem mais tarde. quando o que eu for deixar de ser o que essa bundinha esconde. vai ficar pra nunca mais? não sei. a gente muda, né? quando menos se espera nos vendemos por meio trocado. e nem nos arrependemos depois. comigo não: 'comigo não'. mais.


11:23. peguei um tic-tac redondo. defeito congênito. sorte nossa (minha e dele, do tic-tac anômalo) ele ter escapado à seleção dos olhos vigilantes. ele era exatamente do tamanho do meu desejo.

11:25. o chaveiro acabou de sair daqui. tirou da porta a chave que meu pai tentou encaixar na porta errada. demorou menos de 4 minutos. ‘é só a mão-de-obra, moça: 20 reais’. meu deus!, até a fumaça estancou na garganta. por essa, não senti alívio nenhum. a gente se desconstrói.

11:29. meu pai sempre erra as portas.

11:30. a menina vem me mostrar a boneca nova. magra magra magra magra. vestidão pink de festa, cabelão loiro e compriiiiiiiiido. linda? linda? linda? linda?

11:31. ouço os passos vindo pra me re-avisar que o almoço está pronto. adianta dizer que os tempos não são iguais? sinto cansaço.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

hj


, upload feito originalmente por recuerdoazul.

ontem



Uma manhã pra mim. sem candidatos retestes ou chatices afins. Mas sem aproveitamento também. Fumei não sei quantos cigarros (tenho medo de contar as bitucas do cinzeiro), não consegui tomar café da manhã (sentia falta de desejo), perdi muito tempo na internet (como sempre) vendo nada. O que me salva são uns movimentos peristálticos que percebo agora, anunciando, talvez, uma possibilidade de evacuação (Eva-cu-ação). Eu tento, então.


Olha, eu tenho tantas coisas dentro de mim. e se eu tivesse tempo, fico pensando que, talvez, poderia fazer alguma coisa boa, alguma coisa realmente boa. Um bom poema que fosse, um único bom poema que fosse. As idéias vivem trancadas aqui dentro (pensei seria redundante dizer trancadas aqui dentro, mas, depois, descobri que não: elas poderiam também estar trancadas lá fora – o que seria mais difícil ainda. Ou não? Seria mais difícil se elas estivessem lá fora do que é agora, com elas presas no lado de dentro? Lá fora é mais longe que aqui, junto? E o que seria mais cruel?)

Cru.

Aqui está calor. Eu não tenho vontade de fumar. Mas também não tenho vontade de não fumar. E as pessoas por aí perdem tanto tempo debatendo coisas tão desimportantes. Que a minha beleza eu não canso mais com isso, não. Eu falo simples: deixa de lado os papéis de ontem, que a vida é viva. E só pronto acabou.

Ela me falou assim: ‘ele te transformaria numa nova mulher. Pareceria uma leõa’. “hã?” ‘é, uma mulher assim... uma leõa’. “ah, pereceria uma leõa, pensei”.

Eu não quero passar. Um dia meus cabelos vão ficar mais ralos, eu vou ter caminhos escritos na minha cara. E isso não me incomoda. Eu quero mais que um avanço da tecnologia, entende? Ela, não. Por isso falo cada vez menos. E gosto de beber quase sozinha.

Um dia me falaram assim: sabe aqueles escritos que não tem um final planejado, um objetivo definido?: os ensaios. Ah, eu sei sim! Conheço-os bem.

E eu suspiro não de cansaço, mas pela previsão do impossível em mim.

Ai, quanta matemática!

E vc, vc se cansa?



segunda-feira, 21 de setembro de 2009


, upload feito originalmente por recuerdoazul.

domingo, 6 de setembro de 2009

sua mensagem está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança...






vc já reparou que às vezes na vida, em tudo, dá caixa postal?


quinta-feira, 3 de setembro de 2009







domingo, 16 de agosto de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

toda vez que a mala pesa de mais...



eu penso em fazer medicina e me especializar em tanatologia.
e sempre sempre sempre me lembro de uma fala de um personagem do seriado 'law & ordem special victms unit':



'o motivo pelo qual eu me transferi para esta unidade é que as vítimas não costumam reclamar'.


cansei.

preciso ver o mar


quinta-feira, 25 de junho de 2009

ela me disse mais ou menos isso no telefone



_ ama nada. isso não é amor! é costume...
_ costume?...
_ é. e costume pode ser muito pior do que amor, muito pior do que amor...




(ouvi da tv global da minha mãe, lá pelas seis horas de uma tarde. não pude deixar de anotar. no dia seguinte, uma amiga me telefonou)

regurgitando...



assisti no sábado. ainda pensando sobre. as anotações já estão prontas. assim que terminar de ruminar escrevo.


dance me to





sexta-feira, 19 de junho de 2009

something old something new



ana laura perez




domingo, 17 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

em porto alegre, 23 de outubro de 1960



'Ora, no meu sentir, até hoje há muito pouca coisa minha que eu assinaria...'




mário quintana




terça-feira, 28 de abril de 2009

do porquê os mosaicos não saem da minha cabeça ou ladrilhos novos



quando eu era criança e nos tempos em que não convivi com a nossa querida língua portuguesa eu costumava inventar palavras. na verdade, eu vivia fazendo isso. pequenina, eu simplesmente inventava e falava, e as pessoas iam entendendo e se habituando aos poucos; já grande, eu inventava e logo depois acrescentava uma expressão do tipo 'isso existe?', pra deixar bem claro que eu não estava lá muito certa do que dizia. em algumas vezes, pessoa nenhuma sabia o que é que eu queria dizer com aquilo; mas, em muitas vezes, eu ouvi respostas afirmativas, seguidas quase sempre de um 'é claro' ou 'com certeza, mademoiselle'. coisas lá das raízes linguísticas e de tudo o mais que fica guardado e esquecido, na espera de uma fresta para poder sair.

ultimamente, esse trocar de letras, tropeção no palavrório, muito me tem ocorrido, novamente; e volta e meia me percebo esbarrando num termo antes mesmo que termine de pensar ou de falar o inicial, criando, assim, meus vocábulos estapafúrdios (ou não) para expressar a minha sensação de mundo. ou, então, apenas trocando um termo por outro, dada a relação estreita, quase espremida, existente entre os dois.

há cinco minutos, estava a pensar em qual dia seria melhor ir viajar. se na sexta, feriado, ou se na quinta, a véspera (às vezes, me parece que todas as mehlores coisas do mundo se passam nas vésperas). cogitei a situação das estradas e me lembrei de que a estrada não seria o problema para mim, já que vou viajar no sentido contrário do fluxo das gentes. elas vem e eu vou. então, eu poderia ir na véspera, sem problemas, e ter mais tempo entre o ir e o vir. mas, aí, me lembrei de que quando chegasse no ponto final, impreterivelmente, cruzaria com a 'movimentária'. é, a movimentaria, aquele lugar onde todas as pessoas se reúnem, por alguns minutos que seja, para pegarem seus próximos destinos, ou destinos finais, eu sei lá da vida dos outros.

isso foi só um exemplo. e eu tenho muitos. até arranjei um pedaço no caderninho para eles, onde vou anotando anotando anotando (gosto de anotar. a vida, a minha, precisa disso).

e o que eu quero dizer aqui é que as palavras sabidas, às vezes não bastam. elas precisam de ajuda. e isso acontece, só e simples, porque não funcionam mais sozinhas.


é isso: as palavras sabidas, às vezes, não bastam.



domingo, 19 de abril de 2009

pois, retifico: fundamental.



upload feito originalmente por douglas da cunha dias.



escrevendo pra dani-the-sweet


esses contos de crianças nos ensinam mal. ninguém me disse que uma cigarra podia ser formiga também. e que uma formiga, às vezes, poderia ter uma lado cigarra na vida. as pessoas não se conjugam no singular, afinal. e a nossa língua é tão perfeita que ser não possui a mesma dimensão que estar.


sexta-feira, 27 de março de 2009

retalhos de cetim


a voz não é essa, mas a música é. também não foi assim que eu ouvi, fazemos nossas livres traduções em tempos de guerra. eu ouvi na carioca, em janeiro, com vodcas e cigarros de exclusão, olhando pra cima e perguntando pra ele: ei, é comigo que vc tá falando? vcs não sabem do que eu senti com aquela voz. e, então, escuto a moça cantando todos os dias nos meus ouvidos surdos.




terça-feira, 17 de março de 2009

harry e sally


"eu não sinto falta dele".


"não?"


"não. eu sinto falta da lembrança dele."



domingo, 15 de março de 2009

'rua dos cataventos'



clica que ela aumenta, bem.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

'espelho'




"mas tão habituado com o adverso
eu temo se um dia me machuca o verso"


João Nogueira




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"a caverna"








































imagens: gustavo zylberstajn



francisco e eu


às vezes, entre um pedalar e outro, dobrando roupas, batendo bolos, um café, qualquer número ordinal de cigarro, um trago aqui, outro lá, ele me vem e me diz coisas que ninguém mais sabe ou pode dizer. atravessa.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

para a. pinheiro























http://www.divshare.com/download/6455152-d6a

clica no link, não consegui postar a música, mas o download é rápido;assim que a página for redirecionada, clica em skip ad e faz o download. vale a pena, que nem é tanta pena assim, a música é realmente bonitíssima)


Ojalá

Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin ti.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones.

Ojalá que la aurora no dé gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de ti,
a tu viejo gobierno de difuntos y flores.






Silvio Rodriguez






ouvi e me lembrei das palavras trocadas. não sei se o vinho, o sol, a tarde. tem sempre um pouco de medo/desejo em tudo, me parece.




imagens: todos: ballerinas dancing, Fogstock


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

alguns homens chamam de demência o que é apenas sabedoria, vc sabia disso?


a minha avó agora está cantando alto. ela tem quase cem anos e canta alto quando está feliz. a minha sobrinha de quatro anos também canta alto e pula pulos incrivelmente distantes do solo quando está feliz. quase todos os adultos que conheço não fazem isso; e tem palavras para esse tipo de coisa, comportamento, dizem eles. dentre esses seres crescidos, que ainda não chegaram ao ponta de uma maturação ‘excessiva’, ainda existem aqueles (não poucos) que não sabem ser felizes. eles, simplesmente, não sabem o que fazer com as suas felicidades. e não o sabem ou porque são tolos mesmo ou por ser mais fácil tomar uma pílula apenas porque se comeu feijão demais. eles andam de um canto ao outro do quarto quadriculando círculos agilmente e preferem por acabar chamando-a de outros nomes. aqueles dos livros-textos. psiquiatras são a nova nata da nata do leite estragado contemporâneo, lei da oferta e da procura.

por exemplo, eu.
agora a minha avó está cantando alto eu me irrito com a sua cantoria tenho os ouvidos quentes rabisco paredes internas com cola preta ouço meu coração dilatado e acabo por me tornar um catálogo número quatro ou dez (isso depende da exata hora em que escrevo - cientistas trabalham arduamente) de estreitamento mental.

dementes são os que perderam a razão, os loucos, me dizem livros empoeirados de traças velhas. e quem perdeu a razão? a velha que canta alto porque está feliz, a pequena que canta alto e pula pulos incrivelmente acima do solo porque está feliz, ou o adulto comedido que ri baixinho para a fina convenção dos tolos das poses ensaiadas e se confunde tanto entre tantos embustes que acaba por não saber mais o que vê diante do espelho emoldurado de seu living room?

eu realmente posso ser um compêndio médico, tempos novos, nossas psicopatologias cotidianas, produto cultural, stuff stuff stuff. ou posso tentar, então, ficar apenas com as palavras simples (no sentido de base), que deram origem a todos esses tristes galhos em que emperram essa merda toda que voa pelos cinzentos céus de poluição e pedras empilhadas em que tentamos respirar a cada velho dia de ontem, hoje mais uma vez.


pois que tento ficar com o início
ou com o seu retorno
no quase-fim.
e isso é só amor.

obs.1: sim, isso foi uma autocrítica, palavra que eu nem sei mais como se escreve. ‘sabedores’ de letras trabalham arduamente também;
obs.2: eu disse que estou tentando;
obs.3: só eu falo mal de mim.





terça-feira, 27 de janeiro de 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

'edificando móbiles na areia'(?)


movediça sou eu.



sábado, 24 de janeiro de 2009

let it flow. ainda.


let it flow, upload feito originalmente por recuerdoazul.

recuerdo azul


, upload feito originalmente por recuerdoazul.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

domingo, 18 de janeiro de 2009

time time time


, upload feito originalmente por recuerdoazul.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

sem-saída


ana?
hã?
se eu subir meio-tom eu tenho o quê?
Leminski...

fui aprender música pra pensar poesia.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

you you


'and you', upload feito originalmente por ShawnIsabelle.

sábado, 10 de janeiro de 2009

do samba


ai, o choro da cuíca. ela soluça até.



sexta-feira, 9 de janeiro de 2009




pois ontem eu venci a preguiça de fazer esforço e montei na minha bicicleta. e descobri que a coisa mais legal daqueles trinta minutinhos inicias, posto que pretendo ser constante dessa vez, foi ouvir o Chico Buarque. e, a partir de agora, eu vou subir na bicicleta apenas com ele, o Chico Buarque.




eu



ela me disse que as pessoas que só me vêem não sabem de mim. porque eu pareço longe, mas sou bem ao lado dos outros. quase dentro.



quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Suspension of.


Suspension of., upload feito originalmente por e.v.n..

domingo, 4 de janeiro de 2009

chove aqui



judgisblog.blogspot.com




 
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