quinta-feira, 15 de outubro de 2009



11:14. eu olho no relógio. eu olho no relógio o tempo todo. ela me chama pra almoçar. tá na hora. e eu me canso. e viro uma coisa de fábrica, produção em grande escala. fecho as janelas e me escondo? não. eu posso, por um acaso, me dar ao luxo de sair dos palcos? não. e canso mais. sempre. vou me cansando a cada nova cara na porta, a cada nota que recebo. que me desfazer delas é quase alívio.

11:18. tinha aquela lista sem final (pra mim é tudo sem final) que escrevi correndo entre uma refeição e outra (odeio refeições. comer. mastigar, engolir, querer que volte). a bundinha dura vai ficar pra depois, pra bem mais tarde. quando o que eu for deixar de ser o que essa bundinha esconde. vai ficar pra nunca mais? não sei. a gente muda, né? quando menos se espera nos vendemos por meio trocado. e nem nos arrependemos depois. comigo não: 'comigo não'. mais.


11:23. peguei um tic-tac redondo. defeito congênito. sorte nossa (minha e dele, do tic-tac anômalo) ele ter escapado à seleção dos olhos vigilantes. ele era exatamente do tamanho do meu desejo.

11:25. o chaveiro acabou de sair daqui. tirou da porta a chave que meu pai tentou encaixar na porta errada. demorou menos de 4 minutos. ‘é só a mão-de-obra, moça: 20 reais’. meu deus!, até a fumaça estancou na garganta. por essa, não senti alívio nenhum. a gente se desconstrói.

11:29. meu pai sempre erra as portas.

11:30. a menina vem me mostrar a boneca nova. magra magra magra magra. vestidão pink de festa, cabelão loiro e compriiiiiiiiido. linda? linda? linda? linda?

11:31. ouço os passos vindo pra me re-avisar que o almoço está pronto. adianta dizer que os tempos não são iguais? sinto cansaço.


 
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