tem essa
hora em que as ideias pairam
vagarosamente
sobrevoam o corpo em silêncio
num carrossel
em câmera lentíssima
sobrepõem-se
umas às outras
usando
umas as caras das outras
as roupas
das outras, os cabelos, os pés,
as bocas
das outras
e indolentes
dançam, sem pressa qualquer
pavoneiam-se
em
exibicionístico bailado
acima de
nós
do nosso
alcanço,
do nosso tamanho,
dos nossos dedos inflexíveis,
nossos
corpos inflexíveis
querem,
apenas, que saibamos que elas existem
nos
provar que estão ali
querem,
apenas, zombar de nós.
elas
zombam de nós.
e nesse
tempo de silêncio,
de
incessante mudez do corpo
(arraigado
ao chão do que já foi)
apenas a
fumaça do cigarro,
espiralando-se
no ar,
ascende
ao céu,
pode
ascender ao céu.
Um comentário:
Como as tais pedras que sabem o que é eternidade.
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