segunda-feira, 13 de agosto de 2012

das ideias ou das obsessões (são dois lados)



tem essa hora em que as ideias pairam
vagarosamente sobrevoam o corpo em silêncio
num carrossel em câmera lentíssima

sobrepõem-se umas às outras
usando umas as caras das outras
as roupas das outras, os cabelos, os pés,
as bocas das outras
e indolentes dançam, sem pressa qualquer

pavoneiam-se  
em exibicionístico bailado 
acima de nós
do nosso alcanço,
do nosso tamanho, dos  nossos dedos inflexíveis,
nossos corpos inflexíveis

querem, apenas, que saibamos que elas existem
nos provar que estão ali
querem, apenas, zombar de nós. 

elas zombam de nós.

e nesse tempo de silêncio,
de incessante mudez do corpo
(arraigado ao chão do que já foi)
apenas a fumaça do cigarro, 
espiralando-se no ar, 
ascende ao céu,
pode ascender ao céu.



Um comentário:

viajante disse...

Como as tais pedras que sabem o que é eternidade.

 
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