segunda-feira, 23 de julho de 2012

da vida



no sábado eu tinha programado assistir 'sabrina', romance de billy wilder de 1954. já havia visto o filme, não tinha me encantado (encantar-se é importante), mas havia resolvido me acompanhar de certa suavidade naquele dia. também tinha visto na grade de programação do mesmo canal um filme de 2005 cuja sinopse parecia me interessar (apesar da minha busca do suave), chamado 'contra a parede', e que seria apresentado imediatamente antes da doce (até extremamente doce) e romântica 'sabrina'. reservei os dois, programando, então, ficar umas quatro horas seguidas apenas como expectadora.

acabei me distraindo (coisa corriqueira) e perdi o começo do primeiro filme, o que, para mim, é o suficiente para não entrar na sala do cinema ou, no caso, não passar na frente da tv. não assisto filme começado. não gosto de metades.

flexibilidade desenvolvida pelas adversidades ou curiosidade simples e só, resolvi dar uma espiada em 'contra a parede' para, talvez, caso surgisse um interesse, assisti-lo em sua próxima exibição.

primeira observação: impossível dar, apenas, uma espiada em 'contra a parede'. segunda: ninguém sai do cinema ou desliga a tv, no meu caso, imune a ele. mesmo porque não se desliga a tv quando o filme acaba. os créditos vão passando, a música toca e não se levanta do sofá. não há como ser, apenas, um expectador. é uma experiência de imersão.

é daqueles filmes que continuam quando a sessão termina. no meu caso, continua (não na lembrança, mas no corpo) até agora (inclusive, escrevo para tentar expurgá-lo de mim). mais de 48 horas depois do término a sensação (não o sentimento) é de que acabei de assistir ao desfecho da história. um desfecho que me fez hesitar, mais do que qualquer outro, sobre qual seria, não o melhor caminho a se seguir (não existe melhor caminho em 'contra a parede'), mas o caminho certo. a dor é inevitável, não se pode fugir dela. 

não foi raro, durante o filme, eu me perceber acuada contra o sofá, comprimida entre as almofadas, com os ombros levantados. a cara toda franzida dialogava, a cada nova cena, com o drama. o desejo físico de mais um cigarro perdeu a voz. nada me chamava mais do que a história daqueles dois personagens tão entregues a qualquer fagulha de vida, fosse ela como fosse.

não existiu suavidade, não houve nenhuma doçura. foi um pedaço de vida crua. como ela, quase sempre, é. me encantei.

nem preciso dizer que 'sabrina' ficou para a próxima.






Um comentário:

Anônimo disse...

como você está, florzinha? tô pensando em você. bisouzin.

 
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