quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

alguns homens chamam de demência o que é apenas sabedoria, vc sabia disso?


a minha avó agora está cantando alto. ela tem quase cem anos e canta alto quando está feliz. a minha sobrinha de quatro anos também canta alto e pula pulos incrivelmente distantes do solo quando está feliz. quase todos os adultos que conheço não fazem isso; e tem palavras para esse tipo de coisa, comportamento, dizem eles. dentre esses seres crescidos, que ainda não chegaram ao ponta de uma maturação ‘excessiva’, ainda existem aqueles (não poucos) que não sabem ser felizes. eles, simplesmente, não sabem o que fazer com as suas felicidades. e não o sabem ou porque são tolos mesmo ou por ser mais fácil tomar uma pílula apenas porque se comeu feijão demais. eles andam de um canto ao outro do quarto quadriculando círculos agilmente e preferem por acabar chamando-a de outros nomes. aqueles dos livros-textos. psiquiatras são a nova nata da nata do leite estragado contemporâneo, lei da oferta e da procura.

por exemplo, eu.
agora a minha avó está cantando alto eu me irrito com a sua cantoria tenho os ouvidos quentes rabisco paredes internas com cola preta ouço meu coração dilatado e acabo por me tornar um catálogo número quatro ou dez (isso depende da exata hora em que escrevo - cientistas trabalham arduamente) de estreitamento mental.

dementes são os que perderam a razão, os loucos, me dizem livros empoeirados de traças velhas. e quem perdeu a razão? a velha que canta alto porque está feliz, a pequena que canta alto e pula pulos incrivelmente acima do solo porque está feliz, ou o adulto comedido que ri baixinho para a fina convenção dos tolos das poses ensaiadas e se confunde tanto entre tantos embustes que acaba por não saber mais o que vê diante do espelho emoldurado de seu living room?

eu realmente posso ser um compêndio médico, tempos novos, nossas psicopatologias cotidianas, produto cultural, stuff stuff stuff. ou posso tentar, então, ficar apenas com as palavras simples (no sentido de base), que deram origem a todos esses tristes galhos em que emperram essa merda toda que voa pelos cinzentos céus de poluição e pedras empilhadas em que tentamos respirar a cada velho dia de ontem, hoje mais uma vez.


pois que tento ficar com o início
ou com o seu retorno
no quase-fim.
e isso é só amor.

obs.1: sim, isso foi uma autocrítica, palavra que eu nem sei mais como se escreve. ‘sabedores’ de letras trabalham arduamente também;
obs.2: eu disse que estou tentando;
obs.3: só eu falo mal de mim.





4 comentários:

douglas D. disse...

será que algum dia saberei escrever assim?

viajante disse...

e eu que tento ficar com o estar.
sem quases, sem fim...
e isso é só amor.

só não sei por quem.

obs: eu posso fazer o que eu quiser.

Silvana disse...

ai,ai
como vc diz: suspiro!

Dani disse...

eu tabém faço isso comigo: só meto o pau em mim mesma!
ui, que frase feia. quase baixaria.

 
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