falando de céu, falando de inferno, me lembrei daquele livro que eu comprei no rio e que não consegui - ainda- terminar de ler: 'o matrimônio do céu e do inferno', de william blake (foi no mesmo dia em que comprei 'o amor é um cão dos diabos', de meu querido buk e 'ariel', de sylvia plath - que trinca, deus...) e, também do verso de um poema do drummond, verso este que não me saía da cabeça durante hoje: 'tirante laura e talvez beatriz,/ o resto vai para o inferno' ( e vai mesmo).
li este poema no domingo. ele faz parte do primeiro livro do drummond, o qual eu resolvi revisitar naquele dia e que ficou impresso em mim desde então e, também, o estava há muito tempo, já que outro verso dele me tem vindo à mente, vez por outra, nas últimas semanas. eu não decoro poesia (nem as minhas eu sei) e só hoje descobri que esses dois versos pertencem ao mesmo poema, cujo título é 'o casamento do céu e do inferno'. falando de céu, falando de inferno...
No azul do céu de metileno
a lua irônica
diurética
é uma gravura de sala de jantar.
Anjos da guarda em expedição noturna
velam sonos púberes
espantando mosquitos
de cortinados e grinaldas.
Pela escada em espiral
diz-que tem virgens tresmalhadas,
incorporadas à via-láctea,
vaga-lumeando...
Por uma frincha
O diabo espreita com o olho torto.
Diabo tem uma luneta
Que varre léguas de sete léguas
E tem ouvido fino
Que nem violino.
São Pedro dorme
E o relógio do céu ronca mecânico.
Diabo espreita por uma frincha.
Lá embaixo
Suspiram bocas machucadas.
Suspiram rezas? Suspiram manso,
de amor.
E os corpos enrolados
ficam mais enrolados ainda
e a carne penetra na carne.
Que a vontade de Deus se cumpra!
Tirante Laura e talvez Beatriz,
o resto vai para o inferno.
Um comentário:
já sabe em que circunstâncias laura palmer foi pro ceú?
bisou
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