terça-feira, 28 de abril de 2009

do porquê os mosaicos não saem da minha cabeça ou ladrilhos novos



quando eu era criança e nos tempos em que não convivi com a nossa querida língua portuguesa eu costumava inventar palavras. na verdade, eu vivia fazendo isso. pequenina, eu simplesmente inventava e falava, e as pessoas iam entendendo e se habituando aos poucos; já grande, eu inventava e logo depois acrescentava uma expressão do tipo 'isso existe?', pra deixar bem claro que eu não estava lá muito certa do que dizia. em algumas vezes, pessoa nenhuma sabia o que é que eu queria dizer com aquilo; mas, em muitas vezes, eu ouvi respostas afirmativas, seguidas quase sempre de um 'é claro' ou 'com certeza, mademoiselle'. coisas lá das raízes linguísticas e de tudo o mais que fica guardado e esquecido, na espera de uma fresta para poder sair.

ultimamente, esse trocar de letras, tropeção no palavrório, muito me tem ocorrido, novamente; e volta e meia me percebo esbarrando num termo antes mesmo que termine de pensar ou de falar o inicial, criando, assim, meus vocábulos estapafúrdios (ou não) para expressar a minha sensação de mundo. ou, então, apenas trocando um termo por outro, dada a relação estreita, quase espremida, existente entre os dois.

há cinco minutos, estava a pensar em qual dia seria melhor ir viajar. se na sexta, feriado, ou se na quinta, a véspera (às vezes, me parece que todas as mehlores coisas do mundo se passam nas vésperas). cogitei a situação das estradas e me lembrei de que a estrada não seria o problema para mim, já que vou viajar no sentido contrário do fluxo das gentes. elas vem e eu vou. então, eu poderia ir na véspera, sem problemas, e ter mais tempo entre o ir e o vir. mas, aí, me lembrei de que quando chegasse no ponto final, impreterivelmente, cruzaria com a 'movimentária'. é, a movimentaria, aquele lugar onde todas as pessoas se reúnem, por alguns minutos que seja, para pegarem seus próximos destinos, ou destinos finais, eu sei lá da vida dos outros.

isso foi só um exemplo. e eu tenho muitos. até arranjei um pedaço no caderninho para eles, onde vou anotando anotando anotando (gosto de anotar. a vida, a minha, precisa disso).

e o que eu quero dizer aqui é que as palavras sabidas, às vezes não bastam. elas precisam de ajuda. e isso acontece, só e simples, porque não funcionam mais sozinhas.


é isso: as palavras sabidas, às vezes, não bastam.



4 comentários:

douglas D. disse...

és fascinante. mesmo!

Silvana disse...

rs, muito legal cumadi: as palavras sabias às vezes não bastam!
Por onde andas? Foi viajar mesmo, ou temeu a movimentaria?

Angela disse...

à espera de uma fresta para poder sair, dada a relação quase espremida existente entre...
todas as melhores coisas do mundo.


O melhor é o que se passa nas vésperas!
Na liturgia das horas- é o canto do cair do sol - a hora do crepúsculo, quando se volta pra casa ou não se quer mais estar só e agradecemos a Deus as graças recebidas e o que foi feito de bom.

Querida muito querida, aí está você, contando seus símbolos e talvez nem saiba o quanto!
É tão Ana este texto!
um beijo feliz.

Dani disse...

oi minha flor!

 
Free counter and web stats