domingo, 14 de março de 2010

se eu pudesse voltar no tempo, voltava pra um domingo qualquer



um dia de domingo. um domingo qualquer no sertão. sem festa, sem encontro, coração batedeira, campainha tocando trazendo o grande amor aos pés da porta. eu voltava pra um domingo qualquer. aquele ar parado. aquele ar quente e parado. o que é que eu vou comer no almoço hoje? o que vou fazer o dia todo? um cinema? sorveteria? cervejas pretas no boteco ao lado da padaria doçura?, onde a balconista pegava o queijo com a mão pra vender pra gente. será ele passa de bicicleta na avenida dom antônio? vou ficar na janela até ele passar. mesmo que ele não passe, como não passou ontem também. a nina, menina, sentada no sofá da sala, ocupando o espaço onde alguém queria esticar as pernas. sai daqui, boneca de pano. ela reclamava, xingava as pernas compridas, folgadas e compridas, era tão brava quanto vermelha, a menina nina. uma porta batendo. outra porta batendo mais. era uma das meninas que acabava de acordar. papéis espalhados por cima da mesa, outra delas havia estado ali por toda a manhã quieta. de repente, do quarto saía mais uma. óculos e cabelos em caracol. de onde você tirou esses cabelos em caracol? eu voltava pra esse dia. justo pra ele. sentava numa rede rosa, acendia meu pito e ali ficava. só vendo vocês sendo vocês e nós reclamando do tempo pesado, do ar morno e grosso, do tédio carregado daquele dia perdido. no sertão.



2 comentários:

Silvana disse...

humm
escrevi. lá.
ai,ai
como definir saudade mesmo?
fico com você e a Pi
suspiros
muitos suspiros.
e parto no peito.
te amo!

Dani disse...

pensei em vc sem parar ontem. domingo. saudade também de morar ali, de ter aquela rotina que me sufocava, de sofrer por aqueles motivos, que, vistos daqui, parecem pequenos. vontade de ser o que eu sou hoje, só que lá. pra poder viver mais, beber mais, dar um pé na bunda no menino do fusca prateado, passar mais tempo na biblioteca. porque eu amava aquela biblioteca, era um dos meus lugares favoritos naquele universo. e por que será eu ía lá a cada 4 meses? saudade do nosso brigadeiro molinho, do ar parado e quente, da marca da regata que o sol deixou. saudade do café expresso da cantina, da gelatina do RU, do som do meio-dia, do som do crepúsculo -teve um num fim de tade, lembra?- saudade e fim.
do que será que sentirei falta daqui a 10 anos?
amo vc.

 
Free counter and web stats